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Aquele de quando eu fui excluída no ambiente de trabalho

Na semana passada eu escrevi aqui sobre as adaptações que minha empresa passou desde o início da pandemia. Várias restrições foram implementadas, seguindo as normas de Saúde decretadas pelo estado de New Jersey. Dentre todas as mudanças, algumas diminuíam, de forma considerável, toda e qualquer forma de interação entre os funcionários.


Quando eu comecei nessa empresa, o COVID já era uma realidade, então eu não posso comparar como era a formação de amizades dentro do ambiente de trabalho. Mas uma coisa eu podia sentir: a diferença com a qual as pessoas se esforçavam, ou não, em se aproximarem de mim.


Eu sou a típica sagitariana, que adora uma festa, conversa com todo mundo e faz piada de tudo e de todos. Além disso, eu sou brasileira, com uma alegria constante e sempre aberta para conhecer gente nova. Cheguei no meu primeiro dia de trabalho já sorrindo por trás da máscara, sendo o mais útil possível e me apresentando pra geral.



No início algumas pessoas, curiosas pelo motivo que me fez vir morar nos Estados Unidos, se aproximaram de mim, fizeram suas perguntas, mas nenhuma proximidade veio disso. Outras pessoas, até o dia em que eu saí desse trabalho, tinham sequer me dado bom dia. Eu estou me direcionando exclusivamente ao meu setor, onde éramos 20/30 pessoas trabalhando todos os dias lado-a-lado.


Uma coisa que me pareceu bem curiosa era que, a maioria das pessoas eram meio voláteis na forma que interagiam. Alguns dias elas vinham e conversavam com você, eram agradáveis e sociáveis. Já no dia seguinte elas não te cumprimentavam. Tipo, te ignoravam REAL.


Eu comecei a pensar que o problema era eu mesma. Eu era a única brasileira trabalhando lá e, ainda que tivessem alguns latinos também, eu senti que eles não me deram muito espaço de me enturmar no ´grupo dos latinos´ rs Os americanos, por sua vez, também eram mais reservados à conversar com outros americanos, ou a ficarem mais quietos durante as 8 HORAS de expediente: eu não consigo imaginar como é ficar calada por tanto tempo.


Muitas vezes eu ligava para meus pais, ou amigos, para bater papo enquanto eu estava trabalhando - isso só foi possível porque, muitas vezes, meu trabalho era repetitivo e não precisavam que eu exercesse nenhum outro tipo de tarefa que pedisse pela minha atenção. Então, quando eu ficava entediada, e cansada das minhas próprias músicas no Spotify, eu fazia ligações para criar diálogos com outras pessoas.


Eu trabalhei nessa empresa por cerca de oito meses e, por mais que eu tivesse tido dificuldade em fazer amigos por lá, eu aprendi muita coisa. Foi uma experiência bastante válida em diversos sentidos! Aprendi, por exemplo, que culturas são distintas e que nem sempre as pessoas vão nos entender como esperávamos que elas o fizessem. Algumas vezes essas pessoas são extremamente agradáveis e de bom coração, mas só não estão dispostas a tirar um tempo para te conhecer e escutar sua história.



Quando mudamos para outro país começamos a escrever um novo capítulo da nossa vida, literalmente do zero. E, por mais que isso seja legal por diversos motivos, também é bastante desafiador você precisar se identificar em um novo lugar, novo idioma, nova cultura e, de repente, também precisar criar relacionamentos do zero. Leva tempo para você ter um melhor amigo no qual você pode confiar de verdade. Leva tempo as pessoas começarem a te conhecer a fundo e começarem a sentir que elas querem sair com você, querem te convidar para tomar um café ou fazer compras.


Esse momento de exclusão no meu ambiente de trabalho foi difícil, mas muito esperado também. Claro que ninguém quer ser a solitária enquanto todo mundo está fazendo amigos, mas a gente precisa entender que o diferente assusta e inibe o outro. É, também, uma oportunidade para que a gente se conheça melhor, identifique traços da nossa personalidade que possam ser mais difíceis de serem aceitos nesse novo ambiente, e que aprendamos que existem várias versões de nós mesmas - versões essas que possuem momentos e grupos específicos para serem compartilhadas.


Você gosta de assuntos sobre o dia-a-dia de morar no exterior? Eu tenho muitas experiência para compartilhar e adoraria ouvir a sua opinião! Deixa nos comentários <3

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