Hoje pela manhã eu segui minha rotina diária: acordei com meu despertador tocando uma música clássica (porque Deus me livre acordar no susto né? rs), tomei meu banho quentinho, troquei de roupa e fui para o meu home office. Já faz um tempinho que estou trabalhando desde casa - e esse blog faz parte dos meus projetos. Para que eu continue tendo meu rendimento como eu preciso, eu sigo todos os passos que eu seguiria se tivesse que sair para trabalhar em um escritório aleatório. Mas esse texto não é sobre meu home office.

Depois de fazer minha super big master xícara de café (porque Deus me livre dormir no meio do meu trabalho rs), eu abri o computador e fui conferir minhas redes sociais antes de qualquer coisa (só pra dar aquela ativada básica no cérebro). E a primeira imagem/post que eu vi foi esse aqui do lado >
Bom, no meu calendário eu tinha outro post preparado para hoje, mas decidi mudar os planos. Decidi falar o porque essa foto me deu um 'clic' e como eu me senti olhando para ela.
Para muitos essa mensagem pode não ser tão impactante e, é por isso, que quero falar sobre isso.
Como eu já mencionei antes, tanto aqui quanto em outras redes sociais, eu sofro de depressão causada pela ansiedade. Eu faço tratamento com medicação controlada há dois anos e meio e posso dizer com propriedade que, nem todos os dias são fáceis. Quem me conhece me descreve como aquela amiga/filha/esposa divertida, espontânea e positiva. Mas quase ninguém sabe o quanto é difícil me manter assim.
As pessoas que convivem comigo mais a fundo conhecem minha realidade por trás de toda a força que eu tento demonstrar ter, e sabem como tenho dias em que mal consigo sair da cama. Existem aqueles dias em que tudo parece ser tão trágico e tão forte que me faz sentir fraca, ou perdedora, suicida. A questão não é o que eu faço ou teria coragem de fazer comigo mesma, mas como isso existe e deve ser tratado.
Tenho dias em que eu acordo e não consigo sair da cama. Um sono incontrolável me domina, me faz continuar ali naquele cantinho seguro, longe de todo mundo. São dias em que eu sinto um vazio intenso e profundo, que me mantém anestesiada de todo outro sentimento. Eu apenas não sinto nada. Outros dias o que eu sinto é tristeza. Sinto vontade de chorar o tempo inteiro. As lágrimas apenas não podem ser contidas e eu fico deprimida, quieta, solitária. Me sinto sensível, derrotada, sem esperança. Outros dias eu acordo, assim: tranquila, feliz, confiante. Me sinto forte e, apesar de todos os problemas, busco encontrar a solução para cada obstáculo e sinto que nada pode me deter.
É uma montanha-russa onde eu nunca sei como será o dia de amanhã. Onde, ainda que eu identifique coisas que podem atingir meu estado de espírito, em outros momentos é algo que nem eu mesma entendo. É algo que eu sinto culpa, me sinto derrotada, me sinto vulnerável. Me sinto estúpida por me permitir sentir assim, por atrapalhar meu convívio com as pessoas que eu mais amo e por não conseguir fazer com que elas entendam como eu me sinto.
Mas, a verdade é que, eu nunca conseguirei fazer com que ninguém entenda a forma como eu me sinto - porque isso tudo está dentro de mim, dentro da minha cabeça. Minha medicação me ajuda a manter o controle mas, quando me perguntam se eu sinto que ela está funcionando... como eu vou saber? Meu corpo não me fala 'olha, se não fosse pelo seu remédio você teria surtado nessa situação' ou 'eu não sei porque você continua com esses comprimidos, porque você continuaria a mesma com ou sem eles'. Eu consigo pontuar diferenças de comportamento e de como eu me sentia antes e depois que eu comecei o tratamento, mas não sei pontuar como ele realmente me ajuda ou controla minhas emoções.
Minha depressão é gerada pela ansiedade. Pelo menos foi assim que a descreveram quando eu fui diagnosticada. Eu fazia terapia (parei por estar morando fora do Brasil) e minha terapeuta começou a estudar meu comportamento e linhas de pensamento. Enfim, não sou nenhuma especialista para me auto analisar ou explicar como o diagnóstico funciona, mas desde que eu comecei o tratamento comecei a identificar como a ansiedade define minha relação com as pessoas e com a vida.
Quem tem ansiedade (quase todo mundo que está lendo esse post, uma vez que essa é A doença do século 21) sabe que nosso cérebro não tem domínio nenhum sobre nossas emoções. Por mais que nossa razão nos diga que 'está tudo bem' a gente sente que NÃO está. A gente imagina (com convicção) que está tudo fora de controle, que aquela pessoa que não respondeu sua mensagem te odeia, que aquela entrevista de emprego não foi bem e que você é um fracasso absoluto e ai meu Deus por que eu ainda estou tentando por que eu ainda estou lutando por que nada está dando certo por que nem tem como dar certo por que o que as outras pessoas pensam sobre mim é muito importante e vai mudar o curso da minha vida por que porque por que ai meu deeeeeeus!
É uma série de pensamentos negativos, de desespero e de socorro.
Então, quando eu vi essa foto do post do Steal The Look, eu pensei: 'bom, eu ainda estou aqui. Eu ainda estou tentando, lutando, me esforçando. Então eu estou vencendo!'
E a verdade é que, TODOS os dias eu estou vencendo. Todos os dias que eu acordo, depois de uma crise que me deixou de cama por dias, e escolho mudar essa sensação, essa situação, pelo menos por aquele dia. Eu estou vencendo sempre que estou disposta a falar sobre esse assunto, a me expressar, a pesquisar, a buscar ajuda - mesmo que seja apenas uma conversa amiga. Eu estou vencendo quando, mesmo sem certeza do efeito real sobre mim, eu continuo seguindo com a minha medicação porque eu confio que é um passo a mais na minha luta contra minha depressão, contra minha ansiedade. Eu estou vencendo quando, mesmo sem querer, eu busco formas de me exercitar, de praticar ioga e de cuidar da minha mente. Eu estou vencendo quando suporto minhas amigas, ou pessoas que eu conheço, que estão passando por alguma situação parecida e que precisam de um ombro amigo. Eu estou vencendo por estar escrevendo esse post, por estar falando sobre um assunto tão delicado para mim, por estar me expondo, mas pensando apenas em como essas palavras podem ajudar alguém HOJE ao ler que ele/ela não está sozinha, que esse sentimento é compartilhado, que é possível persistir e trabalhar diariamente para a nossa felicidade.
E você está vencendo também! Só Deus sabe a batalha que você enfrenta hoje, na sua vida. Mas você está aqui, me dando apoio, lendo meu texto, talvez se identificando com algumas situação e se solidarizando.

Estamos todos vencendo. Todos os dias. E espero que, ao falar mais abertamente sobre esse assunto de saúde mental, que mais pessoas se unam para compreender como é ter problemas como ansiedade e depressão e que possamos nos ajudar cada dia mais!