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Diferenças entre EUA x Brasil: trabalho

Mudar para os Estados Unidos foi um grande choque na minha vida. Por mais que a gente acredite que estamos próximos dos americanos em questões culturais, especialmente porque consumimos muitos produtos/estilo/comida/idioma/entretenimento da gringolandia, nos dá a falsa sensação que ambos países são bem parecidos e que, mudar de um para o outro, não deve causar nenhum tipo de mudança na nossa vida.


Eu acreditava nisso também e, depois de estar em um relacionamento com um americano por quase três anos, mudar para cá não parecia nenhum bicho de sete cabeças. Pois bem, acabei percebendo que o buraco era muito mais embaixo do que eu imaginava.


Hoje quero falar de algumas das principais diferenças que senti quando o assunto era trabalhar (legalmente) por aqui + algumas curiosidades que eu fui aprendendo ao longo do caminho. Olha só:


O LinkedIn realmente é A ferramenta quando o assunto é procurar por empregos

Aqui nos Estados Unidos a galera está bem acostumada (há vários anos) com o LinkedIn como uma ferramenta super importante para o mercado de trabalho. A maioria das empresas anunciam suas vagas por lá, permitem que você se candidate pela própria plataforma da rede social e aumente seu networking de forma exponencial. O seu perfil no LinkedIn é o seu novo currículo e, aqui, as empresas amam ver suas portagens, os seus likes e interações.


Pra mim isso foi uma mudança de perspectiva porque, até pouco tempo, o LinkedIn não era tão uniformemente utilizado pelos brasileiros, principalmente pelas empresas, e muitas vezes parecia bem complicado encontrar as vagas de trabalho coerentes com nossa busca.


Networking é fundamental

Eu sou de Belo Horizonte, Minas Gerais, e cresci com a certeza de que o mundo é um ovo. Isso porque, em BH, todo mundo meio que conhece todo mundo (veja bem, estamos falando de umas das maiores capitais do Brasil, com milhões de pessoas), nem que seja pela regra dos 6 - se você abrir o Facebook de alguém você COM CERTEZA terá pelo menos um conhecido que conhece alguém ou lugar em comum com essas pessoa.


Aqui nos Estados Unidos a coisa flui nesse mesmo aspecto no sentido de emprego, porque você vai sempre conhecer alguém que conhece alguém que conhece alguém (...) que trabalha naquela empresa que você tanto almeja. Mas não se engane: isso não tem nada a ver com o tamanho dos Estados Unidos. Muito pelo contrário: o país é imenso, com milhares de faculdades espalhadas pelo seu território. Como vou explicar no próximo tópico, aqui as pessoas que vão para as faculdades, as escolhem baseadas na reputação da escola, preço e comunidade de ex-alunos*. Isso ajuda a ter um grande fluxo de pessoas voltadas para o ambiente de trabalho, resultando numa rede de contatos extensa e interessante.


Os americanos presam, e muito, pelos contatos em meio profissional, e você precisa entrar nesse círculo se você quer ser bem sucedido por aqui. Como mencionei anteriormente, o LinkedIn é essencial para sua entrada no meio de trabalho, mas sem uma rede de suporte por trás, você irá perder para o seu concorrente na última etapa de seleção - porque provavelmente ele conhecerá mais pessoas influentes do que você.


* A comunidade de ex alunos (Alumini) é algo muito apreciado por aqui. Não apenas como uma forte comunidade, que vai te ajudar em qualquer momento da sua carreira, mas também como investidores de projetos criados pela sua antiga faculdade como uma forma de ´devolver´ todo o suporte que você recebeu ao longo da sua formação. Se a sua faculdade tem um Alumini muito grande e unido, isso significa que várias portas podem se abrir para você como forma de fidelidade entre os membros: o profissional de RH que está te entrevistando por ser um Alumini da mesma universidade que você se formou e isso já contam vários pontos para você na entrevista, por exemplo.


Não se prenda não

Eu não sei você, mas como eu cresci em uma capital, procurar por faculdades em outras cidades ou estados nunca foi levado a sério. Saí do ensino médio direto para uma das faculdades da minha cidades e ponto.


Por aqui as coisas são bem distintas: durante seus anos na escola, principalmente no ensino médio, você se preocupa muito com sua grade curricular, atividades EXTRA curriculares e esportes: tudo pensando na formação do candidato ideal para a faculdade que você almeja. Quando a escolha pela faculdade vem, você busca por opções em todo o território nacional, não se prendendo exclusivamente ao seu estado ou cidade.


Esse dinamismo permanecem quando, depois de formado, você começa a procurar pelo seu primeiro emprego. Os americanos almejam cidades grandes e desenvolvidas e, muitas vezes, isso significa milhares de quilômetros (milhas por aqui) de casa. Você vai trabalhar e seus companheiros de trabalho são de diversas cidades distintas, pequenas ou não, interior ou capitais, e você, rapidamente, conhece melhor o seu país através da sua rede de contatos profissionais.


Carteira de trabalho?

Não, não temos Carteira de Trabalho por aqui. Tudo gira em torno do seu Social Security Number (o que seria equivalente ao nosso CPF) e as contratações são feitas através dele. Aqui também é muito comum checarem seus antecedentes criminais para, basicamente, todo tipo de emprego e, muitas vezes, eles também pedem um exame antidrogas.


O processo de contratação pode demorar semanas, dependendo da quantidade de candidatos e etapas para a seleção. E o salário será baseado por hora ou por ano: você pode fazer $20/hora ou $45k (45 mil dólares) por ano, e seu pagamento será semanal ou quinzenal.


Impostos impraticáveis

Os Estados Unidos, diferente do Brasil, dá autonomia aos estados e, por isso, várias leis e taxas diferem de um estado para outro. Assim, dependendo do estado que você mora, você irá pagar mais impostos ou não: eu moro em New Jersey e, por ser tão perto de NYC (milhares de pessoas moram aqui e trabalham diariamente em Manhattan) é um dos estados mais caros para se viver. Os impostos aqui podem chegar a 50% do valor do seu salário anual - dependendo do nível de taxa que você se encontra: quanto mais dinheiro você faz, mais imposto você paga.


Meu salário sempre vem descontado quase 30% em imposto, fora plano de saúde (pelo seu trabalho) etc... e isso inclui qualquer tipo de ganho: salário, bônus, prêmios etc.


Curiosidades
  • Aqui não existe SUS

A Saúde nos Estados Unidos é muito cara e aqui não existe nada comparado ao SUS, onde você pode ter acesso a médicos, cirurgias, medicamentos etc de graça. Se você trabalha de forma legal, sua empresa vai ter a opção de contratação de planos de saúde, onde você escolhe a abrangência e preço do plano, e você paga metade e seu trabalho para o restante para você.

Caso você não tenha trabalho de forma legalizada, você tem a opção de fazer parte do palno de saúde dos seus pais (até 26 anos), do seu cônjuge ou aplicar para algo como o ObamaCare, onde você irá pagar por volta de $50/mês, mas a cobertura não é muito boa e seria utilizado principalmente para emergências.


Agora, caso você não queria/não tenha nenhum tipo de plano de saúde e emprego, você pode estar em uma situação bem perigosa. Como eu disse, a saúde nos Estados Unidos é algo absurdamente caro, mesmo que você possua plano de saúde. No caso de você não ter nenhum tipo de seguro e tiver alguma emergência, como parto, acidente de carro, pedra nos rims etc, você será atendimento imediatamente, mas uma conta CARÍSSIMA encontrará o seu caminho até você. Já vi casos de pessoas que tiveram que vender suas casas para pagarem pelo tratamento contra o câncer. Por isso, valorize o SUS enquanto você ainda está no Brasil.


  • Os salários não são mensais

Aqui você tera duas formas de calcular o seu salário: pelo ganho anual ou pela hora. Você nunca vai encontrar um anuncio de emprego que diga ´$2 mil por mês´. Então, digamos que, pelo ganho anual, você faz $60 mil, isso significa que, depois de todas as taxas, você provavelmente irá levar para casa mais ou menos $37 mil. Como os salários aqui são pago ou mensal ou quinzenalmente, você receberá por volta de $1.500 a cada duas semanas.





São várias as diferenças entre o Brasil e os Estados Unidos. Uma coisa que me chama muito a atenção é como os americanos são bem vinculados aos seus amigos da escola e da faculdade e, quando estão no ambiente de trabalho, eles já não ´precisam´ de mais amigos rs

Confesso que criar vínculos aqui é uma das partes mais difíceis do dia a dia... principalmente quando você precisa criar do zero a sua rede de contatos.


Mas, com o tempo, você vai entendendo mais como que a banda toca e se adaptando ao mode de viver - e de se relacionar, do americano.


Espero que você tenha gostado desses tópicos sobre como é, de fato, trabalhar nos Estados Unidos.

Se você quer ler mais sobre esse assunto, comente nesse post e eu vou criar outros temas para analisarmos juntos!

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