
Na última sexta-feira, dia 15/11, eu viajei de New Jersey para Pensilvânia em direção à um retiro espiritual que eu tinha me inscrito há semanas atrás.
Uma amiga de infância do meu marido passou os últimos anos se aperfeiçoando como life coach, professora de yoga e trabalha orientando mulheres pelo mundo afora a se sentirem empoderadas e a compreenderem seus corpos e ciclos. Essa mesma amiga se tornou minha amiga, e juntas viemos trocando livros, experiências e conhecimentos que temos, sobre diferentes assuntos que envolvem a nossa existência. Já participei de algumas aulas de yoga em que ela estava ministrando, fui a um 'ciclo de mulheres', onde dançamos, choramos e nos conectamos como nosso eu interior, e, finalmente, tive a oportunidade de participar de um retiro que ela estava organizando.
Como somos amigas, eu tinha uma ideia de como seria o final de semana e o que eu poderia esperar dessa experiência, mas, confesso à você que, foi tudo muito mais intenso e libertador do que eu tinha sequer imaginado.
Éramos 8 mulheres, todas mais ou menos na mesma faixa etária (entre 23-36), com diferentes histórias de vida, com diferentes ideias e conceitos internalizados mas com um mesmo sentimentos: irmandade. Não nos conhecíamos, mas estávamos abertas para essa nova amizade que iria desabrochar. Eu não sabia de ninguém que estava indo, apenas da minha amiga que era a organizadora.
No início da última semana, essa minha amiga, Gina, fez um grupo de mensagens e nos informou que ela iria mais cedo para o local (para organizar tudo) e que nos organizássemos com caronas. Eu não tinha carro para a viagem, então aceitei a primeira ajuda que veio no grupo, combinando data e horário para sairmos em destino ao retiro. Apenas confiei.
Éramos três no mesmo carro: Christabel, dirigindo, e Melissa, que buscamos juntas na estação de trem. Acabei descobrindo que a Chris era, também, amiga de infância do meu marido (mas que eles haviam perdido o contato há algum tempo) e, ao ver a Melissa, a reconheci do mesmo 'ciclo de mulheres' que participei há algum tempo. Sem saber, eu estava entre amigas.
Dirigimos por cerca de duas horas e, depois de muito tagarelar durante a viagem, chegamos ao nosso destino nos sentindo amigas de longa data. Era sobre confiança: estávamos abertas para esse final de semana e tudo o que podia vir com ele, e nos fizemos amigas. Chegamos na casa e fomos recebidas com muitos abraços e banho de Palo Santo para limpar nossas energias. Gina e Sophia, que eu conheci apenas ao chegar ali, eram as responsáveis por todo aquele evento e tinham preparado a casa com muito amor para nos receber: velas, incensos, cristais por toda a parte. No meio da sala, um altar no tapete, com mais cristais e velas. Almofadas nos chão, ao redor do altar, demonstravam o lugar marcado para cada uma de nós e que logo estaríamos sentadas em círculo, nos imergindo em uma nova dimensão.


Cada uma de nós tinha, em sua cama, uma pequena bolsa com nosso nome, que continham um cristal e um pedaço de Palo Santo dentro; um folha com o horário de todas as atividades que aconteceriam ao longo do final de semana; uma carta de boas vindas; e informações sobre outros serviços oferecidos à parte, como sessões de Reiki, massagens com cristais e leitura de cartas do Oráculo. Mesa de criação, com tintas, canetas etc estavam disponíveis para nós, também, para que pudéssemos exercitar nossa criatividade.

Tínhamos também comida (vegana e glúten-free), chás, água com hortelã e limão, oferecidas em horários específicos, mas livres para consumo a qualquer momento. Eu, à princípio, estava resistente à ideia de comida vegana, uma vez que nem vegetariana eu sou. Mas tive a oportunidade de me surpreender com diferentes pratos, tanto para almoço/jantar como para o café da manhã, extremamente saborosos e criativos. Eu APENAS amei cada comida que eu tive a chance de experimentar!

Ao entardecer, na sexta, já éramos sete e faltava apenas uma pessoa (que chegaria apenas no sábado). Nos organizamos dentre os quartos, e nos encontramos para a Abertura do Retiro. Nos sentamos no chão, na sala de estar, em torno do altar que estava montado, e cada uma de nós acrescentou elementos pessoais para representar os quatro elementos e nossos ancestrais. Eu escolhi um cristal que tenho há algum tempo, como símbolo da Terra; minha vela que fica na cabeceira do meu lado da cama, como símbolo do Fogo; uma jarra vazia e fechada, como símbolo do Ar; meu anel de concha, como símbolo da Água; e vinho do Porto, como símbolo dos meus ancestrais - sou descendente de portugueses.
A programação foi apresentada, onde incluía workshop sobre nossa menstruação (e sua importância para nosso corpo e feminilidade); aulas de Yoga pela manhã (antes de tudo, inclusive do café da manhã); workshop de criatividade e visualização; Girl's Time, onde fizemos máscaras faciais e conversamos, enquanto tomávamos vinho; etc.

Um detalhe importante fez toda a diferença para tornar esse momento extremamente especial e desafiador: uma de nós, Ann Marie, era surda de nascença. Ela não sabia falar, porque nunca aprendeu. Nos comunicávamos através de sinais, de boa vontade e, principalmente, através de um aplicativo para surdos, que escreve (em tempo real) tudo o que está sendo dito e, ela, responder escrevendo. Foi interessante observar a interação da Ann quando estávamos meditando, ou dançando. Mas estávamos em comunhão e todas, absolutamente, todas nós, estávamos solidarias a qualquer coisa que ela pudesse necessitar, mas deixando que ela se sentisse livre à própria maneira.
E, assim, eu passei meu último final de semana: em comunhão com mulheres incríveis, que eu tive o prazer de conhecer e me conectar de uma forma tão especial; cercada por comidas e bebidas energizadas, abençoadas - e veganas; meditando, fazendo yoga, dançando, chorando - e muito! - além de trocar energias, me conectar com o Divino, ser presenteada com a sabedoria da magia e da força espiritual feminina.
Eu tive a chance de me reconectar comigo mesma; de viver o presente; de buscar entender alguns dos meus medos; de compartilhar dores e experiências - e perceber que eu não sou a única com esses medos, com essas amarrações.
No domingo, antes de encerrar o nosso retiro, tivemos uma atividade imensamente transformadora: o Banho do Amor. Essa atividade consistia em sentarmos em círculo, enquanto uma por uma deitava no centro, e, assim, utilizávamos nossas mãos e energias para enviar amor e positividade para a pessoas que estava ali no meio. Mais uma vez, criamos uma atmosfera protegida por incenso e Palo Santo, com cristais e óleos aromatizantes, e música. Na minha vez eu pedi para que meu chakra do divino se abrisse, que meu terceiro olho - e minha intuição - voltassem a aflorar, a falar mais alto, e a me guiar. Imaginei coisas lindas, animais fofos, pessoas queridas, enquanto estava deitada ali recebendo mais energia positiva das minhas irmãs de alma. Eu me senti amada, eu me senti acolhida, eu me senti segura.

O que eu definitivamente levo dessa experiência é que, não precisamos conhecer as pessoas há muito tempo para, honestamente, confiarmos nelas. Precisamos apenas estar na mesma sintonia, na mesma energia. E, ali, estávamos todas em uma única frequência: frequência do amor. Tínhamos nossos corações abertos para acolher nossas irmãs, escutar suas dores e sofrimentos, secar suas lágrimas e compartilhar momentos de intensa troca e afeto. Claro que, a todo momento, éramos orientadas pelas nossas guias (Gina e Soph), mas também fomos deixadas livres para sentir e trazer para aquele momento o que estava nascendo dentro de cada uma de nós.
Eu experienciei um final de semana de muita luz. Me reconectei com muitas energias que eu havia perdido ao longo do caminho. Eu me senti infinitamente bem comigo mesma, embora em grande parte desse retiro eu estivesse imergida em lágrimas - liberando muita emoção e sentimentos tristes e ruins acumulados.
Minha dica para você? Se permita ter um tempo para cuidar da sua saúde espiritual. Se permita compreender o que o seu corpo, o que a sua alma estão pedindo de você e como você pode buscar por esse momento de conexão com o Divino.
Se permita amar e ser amada e compreendida. E se permita ~se amar~.